Meu bestiário foi ispirado em um livro que li impresso em
1934 aproximadamente. O nome dele era Zoologia Fantástica do Brasil de Affonso D`Escragnolle Taunay.
Sinopse: Os viajantes europeus em seus relatos de viagens ao
Novo Mundo contavam sobre seres fantásticos que habitavam as terras
recém-descobertas. Uma rica iconografia é reproduzida e analisada neste
documentário precioso, que trata de uma “zoologia fantástica” brasileira,
presente nos relatos daqueles viajantes que percorreram o Brasil nos séculos
XVI e XVII. Ao apontar as influências fantásticas do bestiário da Antigüidade e
da Idade Média nos relatos dos viajantes coloniais brasileiros, Taunay expõe o
assombro do olhar estrangeiro diante de uma fauna exuberante e diversificada
que provocou a construção de um novo imaginário. A Taunay pareceu interessante
expor as crendices zoológicas correntes na Europa dos descobrimentos marítimos,
ainda que acredite ter ficado incompleta sua pesquisa. A leitura do livro
mostra, entretanto, que este é um trabalho único na bibliografia brasileira.
O que é um Bestiário?
Bestiário é um tipo de literatura descritiva do mundo
animal, as bestas, muito comum nas classes monásticas do medievo. Eram
catálogos manuscritos realizados por monges católicos que reuniam informação
sobre animais reais e fantásticos, tal como o aspecto, o habitat em que viviam,
o tipo de relação que tinham com a natureza e a sua dieta alimentar. A maioria
dos bestiários foi escrita durante a baixa Idade Média, e eram acompanhados de
mensagem moralizadora.
O bestiário é uma forma de texto descritivo de criaturas
naturais e fantásticas, com interpretação moralizadora, que deriva directamente
do Fisiólogo. Embora o manuscrito antigo originário deste género pertença ao
séc. III, é só no séc. XII, muito mais tarde, que a classe monástica ilustrada
vai estabelecer este tipo de composição. No período intermédio a tradição
monástica fez cópias do Fisiólogo, traduzido para o Latim, de que o Fisiólogo
de Berna Codex Bongarsianus 318, manuscrito ilustrado que data de seis séculos
a seguir ao original, é a cópia mais famosa. Ainda neste período, o Fisiólogo
foi traduzido para muitos idiomas do médio oriente, como o etiópico, o siríaco,
o arménio e o árabe. Na Europa foi traduzido para o Latim, e como bestiário
conseguiu estabelecer-se nas antigas literaturas germânica, francesa,
espanhola, anglo-saxónica, islandesa e valdense.[1] Tornando-se assim
amplamente divulgado e conhecido.
Os bestiários eram livros alegóricos, por vezes claramente
humorísticos e fantasiosos, em cuja informação, tal como acontece com o
Fisiólogo, não derivava de conhecimento científico ou experimental, ou de
observação no terreno das criaturas que eram descritas. E isto de tal modo que
algumas das representações dos animais que não pertencem ao mundo da fantasia,
como acontece com o abutre, não correspondiam à realidade da natureza. É o caso
da iluminura com dois abutres opostos num círculo, no Abutre do Bestiário de
Aberdeen, em que estes mais se parecem com duas águias, porque os iluminadores
provavelmente não conheciam a ave que desenhavam. Muitos destes manuscritos
eram iluminados e tinham como objectivo estimular e conduzir a imaginação, de
modo a estabelecer paralelos identificáveis entre os supostos mundo natural e
mundo supra natural. O unicórnio dá bom exemplo disto no Bestiário de
Rochester, cuja representação da sua caça se afigurava como um meio prodigioso
para demonstrar o poder ilimitado de uma virgem. Dizia-se do unicórnio que não
conseguia dominar-se de modo nenhum, tal era a sua desconfiança em relação ao
homem, e que só perante a pureza de uma virgem era possível acalmá-lo para
trazê-lo à proximidade da lança, e assim se conseguir caçá-lo.
Tomando o Fisiólogo como exemplo e modelo, Santo Ambrósio de
Milão e Santo Isidoro de Sevilha, este último conhecido por ser o primeiro
compilador medieval, aumentaram o conteúdo religioso com referências a
passagens da Bíblia e da Septuaginta. Estes dois santos, assim como muitos
outros autores que se seguiram, foram aumentando e modificando modelos
anteriores a si, refinando assim o conteúdo moral sem se preocuparem com os
factos da realidade natural. No entanto, estas descrições fantásticas sem
paralelo na natureza eram lidas por muitos e consideradas verdadeiras, e foram
sendo incluídas nos bestiários, de que o Bestiário de Aberdeen é um dos
melhores exemplos.
Fonte: Wikipédia
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