Dodô (português brasileiro) ou dodó (português europeu)
(nome científico: Raphus cucullatus) é uma espécie extinta de ave da família
dos pombos que era endêmica de Maurício, uma ilha no Oceano Índico a leste de
Madagascar. Era incapaz de voar e não tinha medo de seres humanos, pois evoluiu
isolado e sem predadores naturais na ilha que habitava. Foi descoberto em 1598
por navegadores holandeses, e totalmente exterminado menos de cem anos mais
tarde. A ave era caçada como alimento para os marinheiros e depois sofreu com o
desmatamento e introdução de animais exóticos. Sua trágica história tornou o
dodô um verdadeiro ícone da extinção. É considerado o mais famoso animal
extinto em tempos históricos, de grande relevância cultural e científica.
A ave mais próxima geneticamente foi a também extinta
solitário-de-rodrigues, também da subfamília Raphidae da família dos pombos;
sendo que a mais semelhante ainda viva é o pombo-de-nicobar. Durante algum
tempo, pensou-se erroneamente que o dodô branco existisse na ilha de Reunião.
O dodô tinha cerca de um metro de altura e podia pesar entre
10 e 18 quilogramas na natureza. A aparência externa é evidenciada apenas por
pinturas e textos escritos no século XVII, e, por causa dessa considerável
variabilidade, levando-se em conta que poucas descrições são conhecidas, a
aparência exata é um mistério. Semelhantemente, pouco se sabe com exatidão
sobre o habitat e o comportamento. Tem sido descrito com plumagem cinza
acastanhado, pata amarela, um tufo de penas na cauda, cabeça cinza sem penas, e
o bico preto, amarelo e verde. A moela ajudava a ave a digerir os alimentos,
incluindo frutas, e acredita-se que o principal habitat tenha sido as florestas
costeiras nas áreas mais secas da ilha. Presume-se que o dodô tenha deixado de
voar devido à facilidade de se obter alimento e a relativa inexistência de
predadores em Maurício.
A primeira menção ao dodô da qual se conhece foi através de
marinheiros holandeses em 1598. Nos anos seguintes, o pássaro foi predado por
marinheiros famintos, seus animais domésticos e espécies invasoras foram
introduzidas durante esse tempo. A última ocasião aceita em que o dodó foi
visto data de 1662. A extinção não foi imediatamente noticiada e alguns a
consideraram uma criatura mítica. No século XIX, pesquisas conduziram a uma
pequena quantidade vestígios, quatro espécimes trazidos para a Europa no século
XVII. Desde então, uma grande quantidade de material subfóssil foi coletada em
Maurício, a maioria do pântano Mare aux Songes. A extinção do dodó em apenas
cerca de um século após seu descobrimento chamou a atenção para o problema
previamente desconhecido da humanidade envolvendo o desaparecimento por
completo de diversas espécies.
Por fim, o dodó ficou amplamente conhecido por fazer parte
de Alice no País das Maravilhas, sendo parte da cultura popular, frequentemente
como um símbolo da extinção e obsolescência. É frequente o uso como mascote das
Ilhas Maurícias.
Um dos primeiros nomes que o dodô recebeu foi Walghvogel, em
holandês. Este termo foi usado pela primeira vez no diário de bordo do
vice-almirante Wybrand van Warwijck, que visitou Maurício durante a Segunda
Expedição Holandesa à Indonésia em 1598. Walghe quer dizer "sem
gosto", "insípido" ou "desagradável", e vogel
significa "pássaro". O nome foi traduzido para o idioma alemão como
Walchstök ou Walchvögel, por Jakob Friedlib. O relatório holandês original,
intitulado Waarachtige Beschryving, foi perdido; mas sua tradução para o inglês
sobreviveu:
"À esquerda
deles havia uma pequena ilha a qual deram o nome de ilha Hemskerk, e a uma baía
nela chamaram baía Warwick (...). Ali permaneceram por 12 dias para descansar,
encontrando neste lugar grande quantidade de aves duas vezes maiores que
cisnes, as quais chamaram de Walghstocks ou Wallowbirdes, sendo muito boa sua
carne. Mas quando encontraram pombos e papagaios em abundância, desdenharam de
comer mais dessas grandes aves, chamando-as Wallowbirds, que quer dizer pássaro
enjoativo ou repugnante. Dos referidos pombos e papagaios, os encontraram em
abundância, tendo a carne muito gordurosa e saborosa; esses pássaros podem ser
facilmente capturados e mortos com pequenas varas: eles são tão mansos assim
porque a ilha não é habitada, também porque nenhuma criatura que vive ali é
acostumada a avistar homens."
Outro relato daquela viagem, talvez o primeiro a mencionar o
dodô, afirma que os portugueses se referiam àquelas aves como pinguins. Mas o
termo pode não ter se originado de pinguim (pois o idioma português da época
tratava tal ave como "sotilicário"), e sim de pinion, uma alusão às
pequenas asas. A tripulação do navio holandês Gelderland chamou a ave de
"dronte" (que significa "inchado") em 1602, palavra até hoje
usada em algumas línguas. Esta tripulação também se referia aos dodôs como
"griff-eendt" e "kermisgans", em referência às aves
domésticas engordadas para um tradicional festival (quermesse) em Amsterdã, realizado
no dia seguinte ao ancoramento deles na ilha Maurício.
A origem da palavra dodô não está clara. Alguns a atribuem a
dodoor, que em holandês quer dizer "preguiçoso", porém é mais
provável que venha de Dodaars, que pode significar "traseiro gordo"
ou "nó no traseiro", referindo-se ao "nó" de penas na parte
de trás do animal. O primeiro registro da palavra Dodaars está no diário do
capitão Willem Van West-Zanen de 1602. O historiador inglês Thomas Herbert foi
o primeiro a usar a palavra dodô na imprensa, em 1634, no seu livro de viagens,
alegando que foi referido como tal pelos portugueses, que tinham visitado
Maurício em 1507. Outro inglês, Emmanuel Altham, usou a palavra numa carta de
1628, na qual ele também alegou a origem na língua portuguesa. O nome dodar foi
introduzido em inglês, ao mesmo tempo que dodô, mas só foi utilizado até o século
XVIII. Pelo que se sabe atualmente, os portugueses nunca mencionaram a ave. No
entanto, algumas fontes ainda afirmam que a palavra dodô deriva da palavra
"doudo" em português antigo (atualmente "doido"). Também
tem sido sugerido que "dodô" é uma aproximação onomatopoeica do canto
da ave, um som de duas notas parecido com o emitido por um pombo, e que se
assemelharia a "doo-doo".
O termo em latim cucullatus ("bordado") foi
utilizado pela primeira vez por Juan Eusebio Nieremberg em 1635 como Cygnus
cucullatus, em referência a uma representação de dodô feita por Carolus Clusius
em 1605. Em sua obra clássica do século XVIII, "Systema Naturae",
Carlos Lineu usou o nome específico cucullatus, mas combinou com o nome do
gênero Struthio (avestruz). Mathurin Jacques Brisson cunhou o nome do gênero
Raphus (referindo-se às abetardas) em 1760, resultando no nome atual: Raphus
cucullatus. Em 1766, Lineu criou um novo nome binominal: Didus ineptus (que
significa "dodô inepto"). Mas depois este termo virou um sinônimo do
nome anterior em razão da prioridade nomenclatural.
Fonte: Wikipedia
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